Tarifaço Trump x Brasil: As Piores Hipóteses e Consequências
1. As hipóteses mais graves
- Conflito de soberania e crise institucional: Trump condiciona tarifas de 50% ao Brasil à interferência de tribunais em prol de Bolsonaro — o que afronta diretamente a soberania nacional e pode desencadear ruptura diplomática entre democracias irmãs. “Pressão inaceitável sobre nossas instituições”.
- Guerra comercial total: retaliações brasileiras, usando a Lei da Reciprocidade, podem provocar uma escalada tarifária sobre etanol, farmacêuticos, IP americano — deflagrando uma guerra econômica mutuamente danosa.
- Derrame democrático interno: a interferência dos EUA pode reforçar uma narrativa conspiratória entre apoiadores de Bolsonaro (“grande conspiração”), ao mesmo tempo em que Lula se fortalece como guardião da autonomia nacional.
2. Consequências para o Brasil
- Impacto econômico severo: exportações de soja, carne, suco, aço e aviões contraem abruptamente — Embraer alerta para acréscimo de até US$ 9 milhões por aeronave, inviabilizando contratos e reduzindo produção.
- Inflação e câmbio pressionado: real desvalorizado, dólar mais caro, instabilidade financeira.
- Desemprego e recessão regional: setores exportadores demitem e retraem investimentos, gerando impacto local profundo.
- Clivagem político-institucional: Lula ganha fôlego político como defensor da soberania, enquanto Bolsonaro e aliados se veem isolados.
3. Consequências para os EUA
- Aumento de preços ao consumidor: café e suco de laranja podem subir 20% a 30%, com acréscimo de até 25¢ por xícara — consumidores norte-americanos sentem no bolso.
- Setores industriais afetados: companhias aéreas terão dificuldades com aeronaves Embraer; papel, metais e plásticos encarecem pela cadeia quebrada.
- Pressão inflacionária e fiscal: Federal Reserve enfrenta dilema com custos crescentes e desemprego, podendo atrasar a retomada pós-pandemia.
- Credibilidade no comércio global: novas tarifas políticas enfraquecem a confiança nos EUA como parceiro econômico responsável, estimulando retaliações e novos blocos comerciais.
4. Reflexão em filosofia política
Trump encarna a lógica realista: poder é legado e coerção. Sua estratégia pragmática lembra Hobbes: prevalece quem impõe regras por força.
O Brasil de Lula representa uma ética republicana que valoriza a autonomia institucional e a dignidade nacional — aproxima-se de Kant, defendendo que fins não justificam meios quando ameaçam a estrutura democrática.
O embate expõe um dilema clássico: os Estados Unidos (pragmático e hegemônico) confrontam uma nação emergente que busca afirmação soberana. O desfecho dirá se ainda prevalecerá o exercício do poder bruto ou a primazia dos valores democráticos compartilhados.
Em cenário de escalada, ambos os países arriscam colapso institucional e desaceleração brutal: o Brasil, em emprego e democracia; os EUA, em inflação e credibilidade global.
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